A ação foi um dos mais bem-sucedidos casos de marketing de guerrilha, como são chamadas essas ações promocionais realizadas nas ruas, quase sempre envolvendo o uso da internet, com baixo investimento e que buscam a repercussão por meio do bom e velho boca a boca. A tática de guerrilha se enquadra na categoria do marketing que os americanos definem como bellow the line - ou seja, ações paralelas à publicidade tradicional, voltada para a comunicação de massa. "O marketing de guerrilha se tornou uma opção a mais numa categoria que envolve atividades como eventos, promoções em ponto de venda, e até mesmo ao outdoor, que depois de proibido em São Paulo cedeu espaço a outras iniciativas de baixo custo", diz Rafael Liporace, sócio da Biruta. O número de ações realizadas pela agência reflete essa súbita procura. A Biruta deve fechar 2009 com 270 ações, ante as 88 realizadas em 2006.
As empresas que investem em marketing de guerrilha se dividem basicamente em dois grupos. O primeiro reúne companhias sem recursos para investir em propaganda tradicional. É o caso do site ParPerfeito, que usa basicamente anúncios na internet para se promover e agora busca projeção além dos limites da web. No segundo grupo estão empresas com tradição em investimentos em publicidade convencional mas que procuram diversificar as formas de atingir os consumidores. É o caso da Cadbury Adams, gigante global de chocolates, balas e gomas de mascar. Em novembro, a empresa estreou na guerrilha com uma ação um tanto quanto bizarra promovida pela agência paulista Espalhe para a marca Trident. Para divulgar uma versão da goma de mascar cujo sabor dura mais tempo, o ator Cauã Reymond foi contratado para fazer um filme em que mascava um chiclete durante 15 minutos. O filme foi levado ao ar num site da internet e o chiclete mascado acabou leiloado para fãs interessadas em confirmar se o sabor havia resistido à sessão de mastigação do ator. Foi arrematado por 349 reais. Logo depois, a Cadbury partiu para uma segunda ação, batizada de Speed Dating. Na ação, o metrô de Porto Alegre foi fechado na noite do último dia 20 de junho para realizar o primeiro encontro de 48 casais selecionados por um site de relacionamento montado para a campanha. "São iniciativas pontuais, relativamente restritas, mas que chamam muito a atenção", diz Emilia Bertolli, porta-voz da Cadbury no Brasil.
Da mesma forma que a Cadbury Adams, grandes anunciantes, como Claro, Shell, Gafisa, Cyrela e SulAmérica, descobriram a guerrilha como um recurso extra para reforçar suas marcas (veja quadro). No entanto, produzir ações desse tipo requer cuidados. Normalmente, as ações de guerrilha são planejadas em conjunto com a agência de publicidade responsável pela propaganda das empresas. No caso da carioca Biruta, por exemplo, 60% dos projetos são feitos sob encomenda das agências. Isso permite um alinhamento entre as ações relativamente anárquicas dos guerrilheiros e a linha geral do marketing. Uma ação de guerrilha mal planejada ou conduzida de forma amadora pode resultar em desastres para a imagem. Recentemente, o Greenpeace promoveu uma ação de guerrilha no vão central da ponte Rio-Niterói. Realizada de forma clandestina e sem autorização oficial, a ação provocou um engarrafamento de 5 quilômetros nos acessos à ponte e protestos indignados de motoristas contra a entidade em sites como Twitter e Orkut. Em sua afoiteza por aparecer, os verdes do Greenpeace violaram um princípio básico do manual do guerrilheiro: a falta de estratégia é um erro fatal.
Fonte: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0946/marketing/manual-guerrilheiro-479109.html
Fonte: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0946/marketing/manual-guerrilheiro-479109.html
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