terça-feira, 28 de julho de 2009

Desafios para a internet


Somos já nesta metade do ano de 2009 mais de 64 milhões de internautas brasileiros, segundo o Nielsen Online e ComScore, confirmando a dimensão dos 68,5 milhões de internautas estimados pelo IAB Brasil até o final do ano. Mesmo sem contabilizar as crianças e adolescentes até 15 anos, são números que oficialmente nos dão uma dimensão segura e concreta do meio nos colocando na quinta posição do ranking mundial só atrás de China, Estados Unidos, Japão e Índia (Internet World Stats).
Logicamente esses números absolutos correspondem a pouco mais de um terço da nossa população, fração que pode ter um duplo sentido, seguindo a visão popular do copo meio vazio ou meio cheio.

Mas em ambas se desenha um cenário positivo, pois o vazio pode corresponder a um potencial de audiência que deve ser preenchido a curto e médio prazo e o cheio já é uma realidade, capaz de gerar resultados efetivos em comunicação e publicidade, seja individualmente ou no conjunto com outros meios.

Retratada nesse sentido através de estudos como TGI ou EGM da Ipsos, a internet já é maior do que os meios seletivos como TV paga ou revistas e vai se aproximando aos poucos dos níveis alcançados pelos meios eletrônicos.

Mas quais fenômenos se movimentam por trás desta evolução, desafiando o conhecimento e atuação dos profissionais de pesquisa, publicidade e de marketing daqui para frente?

O primeiro entendimento consiste em saber quem é de fato este nosso internauta brasileiro que fica na frente do computador 25 horas por mês, mais do que qualquer outro no resto do planeta. É amplamente comentada a participação cada vez maior das classes C e D, promovendo finalmente a internet à categoria de meio de massa.

No entanto, um olhar mais atento e as próprias pesquisas nos apontam também a entrada de outros segmentos, remodelando sensivelmente a cara da nossa audiência. Sem esquecer as crianças e os jovens que se conectam cada vez mais cedo – parecem que já nascem digitando – públicos antes ausentes como as mulheres donas de casa e os adultos mais maduros estão alterando o perfil do meio, não só do ponto de vista demográfico, mas a partir dos seus diversos níveis de afinidade com a própria tecnologia.

Um público cada vez mais distante daquela primeira leva de internautas que se diferenciava tão radicalmente das pessoas comuns.

Mas é justamente contemplando este público, agora tão mais próximo da nossa própria população, que devemos compreender outros fenômenos do nosso tempo como o Multitask, a tão celebrada necessidade de produzir e realizar milhares de atividades ao mesmo tempo ou a convergência dos meios, termo que resume, mas ainda não consegue explicar ao certo, toda essa profusão, interação e migração dos meios para as mais diversas formas de comunicação atual.

E neste nível se configura urgente outro estágio de discussão – a do CrossMedia – nos transportando, por sua vez, para os mais diversos cenários de estudo, mesmo porque se trata de uma tendência multifacetada e dinâmica, por onde todas as experiências de mercado tangenciam de alguma forma.

É bom lembrar que um dos conceitos mais usuais de CrossMedia não nasceu propriamente na era tecnológica, pois os meios tradicionais sempre buscaram compreender tecnicamente a força das combinações de multimídia.

A chegada da internet instiga ainda mais este tipo de análise, com expectativas em torno do que significa a inclusão da internet em um plano de comunicação tradicional, seja nos resultados de audiência ou nos efeitos mercadológicos posteriores.

Já outra faceta do CrossMedia destaca a convergência dos meios tradicionais para o ambiente online, onde continuam a crescer e complementar suas audiências. Forma-se um segundo patamar mais específico com igual importância para o acompanhamento das tendências.

O fluxo inverso nos remete a um terceiro ângulo de Cross Media, onde a internet rompe as suas próprias fronteiras iniciais, saindo da tela dos computadores para chegar às telas dos celulares, televisores etc..., instituindo cada vez mais a portabilidade e a mobilidade como os novos pilares da comunicação integrada.

Entender e relacionar todos estes pontos de contato adequadamente a cada foco mercadológico será o caminho mais efetivo para potencializar esta nova realidade.



Por Katsura Nakamura Eguti (gerente de pesquisa do Yahoo! Brasil)
Fonte: PropMark (www.propmark.com.br)

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